quarta-feira, 17 de junho de 2009

Exibição de Karate Shukokai no Parque Urbano - Festa IN ACTION

No próximo Sábado, dia 20 de Junho de 2009, no parque urbano Dr. Fernando Melo, o Karate do CPN efectuará uma exibição de Karate Shukokai incluido na festa anual do IN ACTION. Os nossos Tigres também estarão presentes. Estas iniciativas que promovem o Karate Shukokai são de saudar e necessitam do nosso apoio.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Diogo Guincho - O Mestre dos Tigres


Campeão do Mundo de Karaté Shukokai mora no CPN

Tem 21 anos, e é o actual Campeão do Mundo de Karaté Shukokai, e para grande orgulho de todos os adeptos propagandistas, é atleta do CPN. Chama-se Diogo Guincho, e A Voz de Ermesinde esteve à conversa com ele, ficando a saber todos os promenores da verdadeira epopeia que foi a conquista do ceptro mundial, assim como também descobrimos alguns dos sonhos deste jovem atleta, que é já uma certeza do karaté nacional e internacional.
Foi através da televisão, que aos seis anos de idade Diogo Guincho teve o primeiro contacto, embora visual, com o mundo do karaté. Filmes protagonizados pelo lendário Bruce Lee, ou pelo mais recente Karaté Kid, fizeram com que o jovem Diogo se começasse a entusiasmar por uma arte que mais tarde viria a abraçar. Estaria, porém, longe de imaginar que dali a alguns anos mais tarde também ele se tornaria num verdadeiro campeão das artes marciais.

FOTOS MANUEL VALDREZ
O ponto máximo da sua já longa carreira, embora tenha apenas 21 anos de idade, foi atingido em 2004, na Cidade do Cabo, em África do Sul, quando se sagrou campeão do mundo de karaté shukokai (na classe menos de 75 kg), ou melhor duplo campeão do mundo desta variante do karaté, uma vez que Diogo Guincho conseguiu arrecadar o ceptro mundial quer na vertente de equipas, quer na vertente individual. Bom, sobre o título mundial falaremos de uma forma mais detalhada um pouco mais à frente desta conversa que o nosso jornal manteve com Diogo Guincho. Para já, vamos descobrir como, e onde, foram dados os primeiros passos do recente campeão do mundo de karaté shukokai. «Tudo começou quando eu tinha seis anos, fruto dos muitos filmes de karaté que eu via na televisão. Comecei a gostar daquilo, imaginando-me um dia a fazer alguns daqueles golpes fantásticos que via no ecrã, e fiquei radiante quando soube que a Escola Preparatória de Valongo, localidade esta onde eu vivia na época, tinha aberto uma escola de karaté. Inscrevi-me de imediato. Foi um sonho que iniciei e que nunca mais parei», relembra. Diogo Guincho que se iniciou no karaté juntamente com o seu irmão, Tiago Guincho, de 24 anos de idade, e que também se sagrou campeão do mundo no ano transacto em África do Sul. Aliás, os dois irmãos ainda hoje mantêm carreiras desportivas paralelas, uma vez que nunca separaram, ou seja, para onde um ia, o outro ia atrás. Foi também na Escola Preparatória de Valongo que Diogo Guincho conheceu o seu primeiro e, até à data, único treinador, Carmindo Manuel, um homem a quem o jovem campeão mundial deve muito do que hoje sabe.
«Foi com ele que tanto eu como o meu irmão aprendemos karaté. Ele era um dos professores da tal escola de karaté que existia na Preparatória de Valongo, e desde então que trabalhamos juntos, uma vez que ele nos acompanha desde o início das nossas carreiras até aos dias de hoje. Ele tem sido um dos principais suportes para o nosso êxito, é o nosso mestre por assim dizer. Foi também ele que nos incitou, no início, a aprofundarmos um pouco mais a nossa ligação com o karaté, ou seja, começarmos a olhar para a modalidade de uma forma mais virada para a alta competição».

AS PRIMEIRAS VITÓRIAS
E A CHEGADA AO CPN

Foi então que começaram a surgir as primeiras vitórias. Aos nove anos, Diogo começou a arrecadar os primeiros títulos a nível distrital e nacional. Títulos esses que foram dando cada vez mais alento ao jovem atleta, «uma vez que entrando naquele ritmo de competição, e naquela onda de vitórias, a paixão que fui ganhando pela modalidade, e o querer ganhar cada vez mais títulos, fizeram com que eu trabalhasse com mais determinação». Depois de ter deixado a equipa da Escola Preparatória de Valongo, Diogo Guincho, juntamente com o seu irmão, e o seu treinador, partiram para o Águas Santas, em busca de melhores condições de treino, algo que o estabelecimento de ensino valonguense não oferecia. No entanto, essas condições de treino, essenciais para progredir ainda mais na modalidade, também não lhes foram dadas no clube maiato. Foi então que o CPN lhes abriu as portas, há cerca de seis anos atrás, oferecendo-lhes as suas instalações para treinarem. «Fomos muito bem recebidos pelas pessoas do clube. Antes de vir para aqui, já tínhamos conhecimento de que este era, e é, um clube ganhador, e que dá um grande apoio às modalidades amadoras. No entanto, sabíamos igualmente que o CPN não dispõe de condições financeiras muito grandes, algo que nos foi dito desde o primeiro instante em que aqui chegámos. Foi-nos também transmitido, na altura, que o único apoio que nos podiam dar era ao nível de instalações para treinarmos. Condição esta que aceitámos de bom grado, uma vez que é complicado encontarmos em Portugal as infraestruturas ideais para treinar. Neste momento o CPN dá-nos as condições mínimas para treinar, digo mínimas porque sabemos, e mais uma vez repito, que o clube não tem infraestruturas e condições monetárias para fazer melhor. Mas mesmo assim, temos aqui condições que dificilmente a maior parte dos clubes portugueses têm».

O SONHO ALCANÇADO
NA CIDADE DO CABO


Diogo Guincho tem sido nos últimos anos, à custa dos excelentes resultados obtidos nas provas nacionais, um dos elementos fundamentais nas selecções nacionais de karaté.
O atleta já disputou diversas provas de elevado nível envergando as cores nacionais, quer na variante de shukokai, quer na variante de todos os estilos, que como o próprio nome indica reúne todos os estilos que existem no karaté. Tem sido, no entanto, na variante de karaté shukokai que Diogo Guincho se tem distinguido, tendo já participado em alguns Campeonatos do Mundo, e da Europa, tendo obtido óptimos desempenhos, pese embora, sem alcançar o prémio final, ou seja, o título de campeão. «Faltou-nos sempre uma pontinha de sorte na recta final da competição, umas vezes conquistávamos o segundo lugar, outras o terceiro, mas o grande objectivo que nos fazia ali estar, o título, fugia-nos sempre. Há muito que Portugal perseguia o objectivo de ser campeão mundial, ou europeu, mas por falta de sorte, e também, obviamente, porque os outros adversários conseguiam ser melhores do que nós nos momentos decisivos, esse sonho ia sempre ficando adiado», conta. E eis que em 2004 a selecção portuguesa de karaté shukokai consegue, finalmente, alcançar o tão almejado ceptro de campeã mundial. Um momento que Diogo Guincho classifica de espectacular e inolvidável, «um sonho tornado em realidade. Ainda para mais porque consegui obter dois títulos mundiais, o de campeão na vertente individual, e o da vertente por equipas. Foi um momento único, não só para mim, como também para a selecção nacional de karaté shukokai que há muito já merecia estes dois feitos, pois trabalhou imenso para os conseguir». Para chegar ao título mundial, Diogo recorda o longo e duro caminho que teve de percorrer, ou melhor, os difíceis adversários que encontrou pela frente até erguer o troféu. Neste campo, destaca o decisivo, e díficil, combate do torneio (a final) disputado precisamente ante um atleta da casa, um sul-africano. Um combate que foi discutido até ao último ponto, «aliás, esse último ponto, o do desempate, uma vez que até então eu estava empatado com o meu adversário, foi discutido pelos árbitros, que decidiram atribuir-me o ponto da vitória», recorda.

MODALIDADE PRATICAMENTE
DESCONHECIDA EM PORTUGAL


O único senão desta verdadeira epopeia, prende-se com o facto de esta importante vitória do desporto nacional não ter tido o merecido destaque no nosso país. Facto este que deixa Diogo Guincho triste, pois no seu ponto de vista dá-se muito mais destaque a um simples jogo de futebol, por exemplo, do que a um título mundial de karaté, neste caso na variante de shukokai. «O karaté, de um modo geral, está muito pouco desenvolvido no nosso país por diversas razões. Primeiro, e como já antes referi, os clubes não têm as condições ideais de treino para desenvolver a modalidade. Depois, há o facto desta modalidade ser praticamente desconhecida da maioria das pessoas, que conhecem o karaté na sua vertente mais lúdica, mas não na sua vertente competitiva. Se as pessoas soubessem o que é na realidade o karaté de competição, estou certo de que olhariam mais vezes, e com mais atenção, para a modalidade, pois para além de ser muito bonita, é espectacular. A fraca divulgação nos meios de comunicação social e o quase nenhum apoio financeiro dado ao karaté a nível nacional, fazem desta uma modalidade com pouca projecção. Só para lhe dar um exemplo, posso dizer que enquanto outras modalidades, ditas amadoras, têm já centenas, para não dizer milhares, de atletas profissionais, o karaté tem apenas, neste momento, um atleta profissional, o Nuno Dias».
Na opinião de Diogo Guincho, uma solução que poderá inverter esta tendência de quase anonimato da modalidade no nosso país, passa pelo facto de nos Jogos Olímpicos de 2008, a serem realizados em Pequim, o karaté ir inglobar o leque de modalidades olímpicas.
«Talvez nessa altura, a modalidade dê um salto qualitativo e quantitativo em Portugal. O judo, por exemplo, era uma modalidade igualmente desconhecida, há uns anos atrás, e bastou tornar-se modalidade olímpica para hoje ser um desporto conhecido e admirado pelos portugueses. Pode ser que isso também aconteça com o karaté». Guincho, cita a vizinha Espanha, país este onde esteve a estudar no último ano lectivo, como um exemplo a seguir no que toca à dinamização e estruturação da modalidade. Condições fantásticas, apoios financeiros incansáveis, ou campeonatos super competitivos, são alguns dos aspectos que o campeão do mundo do CPN destacou. «Tive a sorte de poder treinar nas instalações da faculdade onde estudei, em Espanha, condições incríveis, excelentes, algo que em Portugal não existe. De realçar também o aspecto da competição, que em Espanha é muito melhor do que aqui, ou seja, o campeonato espanhol é muito mais competitivo que o nosso. Aqui, por exemplo, ao longo de todo a época encontramos dois ou três adversários fortes pela frente, que nos dão alguma luta, mas não é díficil conseguirmos ganhar o título nacional.
Em Espanha isso não acontece, todos os combates são extremamente díficeis, há uma competitividade enorme. E prova disso, é o facto de a Espanha ser actualmente a potência máxima da variante karaté todos os estilos, que é somente a variante mais complexa da modalidade. Posso dizer, que apesar de não ter competido, aprendi muito durante o período em que estive a estudar em Espanha», sublinha Guincho.

REPRESENTAR PORTUGAL NAS OLÍMPIADAS
É A PINCIPAL META A ATINGIR

Como já antes referimos, Diogo Guincho está neste momento a estudar no ensino superior, onde frequenta o curso de Educação Física. Despois de terminar o seu curso, o atleta pensa usar a sua formação superior para ajudar a projectar o karaté no nosso país. Ensinar novos atletas, ou mesmo abrir uma escola da especialidade são algumas das ideias que estão no seu horizonte. A nível competitivo, Diogo espera voltar a conquistar o título de campeonão nacional de shukokai com as cores do CPN, título este que não pôde revalidar na época que agora findou em virtude de ter estado a estudar durante um ano em Espanha. No que toca às selecções, o jovem atleta, na qualidade de campeão do mundo, espera poder voltar a festejar novos títulos, sendo o objectivo imediato a conquista do próximo Campeonato da Europa, a ser disputado no final do ano na Estónia. Outro dos seus objectivos futuros é melhorar a sua perfomance na categoria de karaté todos os estilos, onde Portugal ainda está muito atrasado em relação a outros países do mundo inteiro. Neste último campo, o cinturão negro do CPN tem como meta principal integrar a Selecção Nacional de karaté todos os estilos no próximo campeonato do mundo. Mas o grande sonho passa por «representar Portugal nos Jogos Olímpicos. É o ponto máximo que qualquer atleta sonha em atingir, e eu não fujo à regra.
No entanto, esse objectivo até pode nem acontecer já em 2008, em Pequim, uma vez que ainda sou novo, e sei que tenho muito tempo, e trabalho também, à minha frente.
Mas em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres, espero lá estar a representar o meu país».
No imediato, Diogo Guincho espera continuar a divertir-se ao praticar esta modalidade, e claro está, continuar a coleccionar troféus para si e para o clube que com orgulho representa.